domingo, 11 de julho de 2010

O MAR


Pela ponte de espuma


Chegaste.

Ignoro o além da praia,

O mundo que te gerou;

Se surgiste do seio do dia

Ou do grito da noite.

Reconheço-me apenas

No coral das unhas e da boca,

Nos olhos líquidos,

Na trança de sargaço.

Sei que flutuas em mim,

E teu corpo veste-se

De vozes;

No entanto,

Regressarás ao mundo de areias brancas

E meu murmúrio será sal,

Brilhando em teus cabelos.

AMOR ETERNO

Oh, Minha Eterna,


Pego da pena para te escrever.

Oh, Musa da minha rua, neste instante,

A destra percorre os caminhos insinuantes do teu corpo!



Te desnudo querida,

Ao lançar-te ao vivo pela pena, com tintas coloridas.

Teu alvo busto coberto de rendas, brancas como a neve, que escuta o teu soluçar, arfante de desejos.



Sei que sois minha apesar de seres tocadas,

Por esses macios tecidos, mas sofro.

Em tuas negras madeixas quantas vezes descansei

E solucei implorando um beijo teu.



Oh amor de minha vida, que tinges de carmim,

Sonetos por ti feitos à luz do luar,

Refletindo em tuas cartas, pedaços da tua alma!

Partes agora para distante de mim e beijo saudoso as tuas pegadas.



Acaricio o caminho que percorrestes envolto em ardente desejo.

Em cada flor sinto o teu perfume, em cada arbusto vejo o teu perfil,

e em cada curva da estrada a tua alma.

Partes para outro te amar?...Nunca!!



Saibas que me levarás contigo e,

Em cada beijo que receberes aí estarei.

Quando fores desejada estarei vigilante.

E nunca te deixarei ver em outro ser a não ser este,

O teu Eterno Amante.

BOTÕES DE ROSAS


Colham botões de rosas enquanto podem,


O velho Tempo continua voando:

E essa mesma flor que hoje lhes sorri,

Amanhã estará expirando.



O glorioso sol, lume do céu,

Quanto mais alto eleva-se a brilhar,

Mais cedo encerrará sua jornada,

E mais perto estará de se apagar.



Melhor idade não há que a primeira,

Quando a juventude e o sangue pulsam quentes;

Mas quando passa, piores são os tempos

Que se sucedem e se arrastam inclementes.



Por isso, sem recato, usem o tempo,

E enquanto podem, vivam a festejar,

Pois depois de haver perdido os áureos anos,

Terão o tempo inteiro para repousar.